Quando pesquisamos sobre a meia-idade, muitas vezes encontramos artigos sobre a famosa “crise dos 40”.
No entanto, acredito que o tema vai muito além do que tradicionalmente se discute.
Espero, um dia, ver mais informações e debates mais profundos sobre isso.
Pessoalmente, sempre me sinto mais reflexiva conforme se aproxima meu aniversário.
O mês que antecede a data é um momento de profunda análise sobre minha vida, sobre o que conquistei e, principalmente, sobre o que ainda deixei de realizar.
Ao chegar aos 40 anos, percebi que esse processo de reflexão se intensificou.
Foi como se todos os sentimentos e situações que ignorei ao longo da vida tivessem se acumulado, formando uma bola de neve de coisas que me incomodavam.
Chegaram em um ponto em que precisei encarar essas questões de frente.
Vi que era hora de dar um basta no que não fazia mais sentido, de enfrentar meus medos, de lidar com os “monstros do armário” e, principalmente, de afastar da minha vida aquilo – ou até mesmo aqueles – que já não valiam a pena.
Essa mudança, no entanto, dependia exclusivamente de mim.
As decisões que eu tomaria a partir dali definiriam o meu caminho.
Desde criança, fui influenciada pela ideia de que quando algo não dá certo, a culpa é da inveja.
Muitas vezes, questionei por que tudo deveria ser resultado de inveja, quando, na verdade, nem sempre havia algo que alguém pudesse invejar.
Percebi que, por vezes, culpar fatores externos é mais fácil do que reconhecer nossas próprias fragilidades e aceitar que recomeçar exige coragem e determinação.
Neste artigo, vamos explorar o que causa esse medo de recomeçar na meia-idade, por que ele aparece, quanto tempo pode durar (ainda que seja algo relativo e individual), e, finalmente, como superá-lo para seguir em frente.
Como Superar a Crise da Meia-Idade?
Uma das minhas principais reflexões, e algo que também é discutido em alguns estudos, é sobre a morte.
Desde que nascemos, temos a certeza de que a morte faz parte do ciclo da vida. Sabemos que ela pode acontecer de várias formas e a qualquer momento.
No entanto, quando pensamos em um processo natural, imaginamos que ela chegará na velhice.
Ao atingir os 40 anos, percebemos que estamos na metade desse caminho.
Isso não precisa necessariamente gerar medo.
Pessoalmente, eu não tenho medo da morte, mas também não anseio por ela.
O que gera inquietação, em alguns momentos, é a incerteza sobre o que acontece depois dela.
Temos fé e crenças que nos confortam sobre o pós-morte, mas, no fundo, existe uma voz interna que não pode ser completamente silenciada.
Será que estamos acreditando no que realmente é verdade?
Será que fizemos o nosso melhor?
Será que demos tudo de nós nas oportunidades que tivemos?
São tantas questões que nos assombram, falhas que cometemos, situações em que fomos humanos demais.
Mesmo que não nos lembramos de todas elas, estão lá, guardadas no nosso subconsciente.
Por isso, é essencial avaliar o que realmente nos incomoda.
Para alguns, a crise pode ser mais espiritual, enquanto, para outros, o desconforto pode ser material.
No meu caso, me sinto inquieta por não ter pensado mais no futuro.
Não criei um fundo de investimentos adequado, não organizei uma reserva de emergência.
Muitas vezes, vivemos tanto no presente que esquecemos que o futuro logo se tornará o nosso “presente”.
É comum empurrarmos com a barriga um trabalho que já não nos traz satisfação ou permanecermos em um relacionamento apenas por medo de envelhecer sozinhos.
No entanto, nem todas as situações exigem um fim.
Às vezes, basta redirecionar a rota.
Outras vezes, após esgotar todas as tentativas, o ponto final pode ser, na verdade, o recomeço.
Quanto Tempo Pode Durar Esse Medo ou Crise da Meia-Idade?
Alguns estudos indicam que os homens podem passar até cinco anos enfrentando a crise da meia-idade, enquanto as mulheres podem vivenciar essa fase por até dez anos.
Isso sem contar a ansiedade e o medo que muitas vezes começam antes desse período.
Agora, me diga: isso é viver?
Pessoalmente, acredito que entre o medo e a crise, eu tenha passado cerca de dois anos nesse ciclo.
Porém, para mim, parecia que eram apenas outros problemas, como a pandemia, o trabalho e o fim de um relacionamento.
Para ser sincera, não sei dizer ao certo se foi a crise da meia-idade que provocou tudo ou se essas situações coincidiam com o tempo dessa crise.
Talvez, eu nunca encontre essa resposta.
O que sei com certeza é que cheguei ao fundo do poço e percebi que não poderia continuar da forma como estava.
Entendi que minha vida precisava mudar, porque todos nós viemos ao mundo com o propósito de viver plenamente, aprender com os erros e evoluir.
Se os problemas continuam acontecendo, é provável que ainda não tenhamos aprendido o que precisamos.
Essa transformação depende apenas de uma pessoa: você.
Resolva as questões pendentes com os seus monstros do passado, seus conflitos internos e familiares.
Enfrente problemas relacionados ao trabalho ou a relacionamentos, mas não leve adiante o que já deveria ter sido resolvido.
Em muitos casos, a terapia é fundamental.
Ela pode ser o caminho essencial para ajudar a dar os primeiros passos rumo à dissolução do que mais te incomoda.
Não perca esse momento de crise, pois, como dizem, sempre depois da tempestade vem a bonança.
Então, aproveite essa tempestade para se renovar, para que não precise repeti-la no futuro.
Como Superar Esse Medo ou Essa Crise?
Essa é a grande questão, não é?
Muitas vezes, buscamos soluções externas para problemas internos.
No entanto, se algo está te prejudicando tanto e causando tanto mal na sua vida, será que não é porque você permitiu que isso acontecesse?
E, nesse caso, não seria a hora de cuidar de você em primeiro lugar?
Nunca tivemos tantos mecanismos acessíveis para nos ajudar como temos hoje.
Claro, há quem diga que esses mesmos recursos podem também prejudicar.
E é verdade, o bem e o mal andam de mãos dadas, pois sem um, não saberíamos diferenciar o outro.
Mas, se você já consegue distinguir o que é bom do que é ruim, por que não consegue escolher o que é melhor para sua vida?
Acredito plenamente que é possível sair dessa crise e vencer o medo, sem passar anos a fio nesse dilema.
No entanto, é necessário ter responsabilidade e enxergar qual foi a sua parte nos erros que te levaram até essa situação.
A maturidade, assim como a inteligência emocional, racional e relacional, é o que nos permite enfrentar esses desafios de forma consciente e superar as dificuldades.
A Dádiva de Ser um Quarentão ou Quarentona: O Privilégio da Experiência para Superar Medos e Desafios
Chegar aos 40 anos traz consigo algo que muitos não percebem: o privilégio da experiência.
Enfrentar o desânimo, o medo e a crise na meia-idade nos dá uma oportunidade única de crescimento.
Diferente de quando somos mais jovens, a sabedoria adquirida ao longo dos anos nos dá uma nova perspectiva para lidar com os desafios de forma mais madura e consciente.
Esse é o momento de questionar as decisões e caminhos percorridos até aqui, e, com esse questionamento, vem o potencial de um crescimento exponencial.
Talvez, se não tivéssemos passado por essas dificuldades, não nos tornássemos a melhor versão de nós mesmos.
A verdade é que muitos, ao evitar confrontar essas questões, acabam não atingindo todo o seu potencial.
Já nós, que abraçamos essa fase com coragem, temos uma chance única de transformar esse momento em uma virada significativa, alcançando o sucesso inimaginável em várias áreas da vida.
Você é Capaz de Superar o Medo e Recomeçar na Meia-Idade
Enfrentar o medo da meia-idade, ou até mesmo uma crise associada a essa fase da vida, pode levar meses, anos ou, em alguns casos, nem acontecer.
O que é certo, no entanto, é que, ao ter o privilégio de envelhecer, você inevitavelmente estará exposto a essas transformações.
No entanto, isso não significa que você deva sofrer por antecipação, como muitas vezes percebemos em pesquisas ou relatos de outras pessoas.
A vida na meia-idade não precisa ser encarada como um declínio ou algo a temer.
Afinal, envelhecer é um processo natural, e o fato de passar por mudanças pode ser encarado de forma positiva, como uma chance de recomeçar.
Contudo, não podemos ignorar os sinais quando algo não vai bem.
É fundamental se cuidar e estar preparado caso essa fase traga consigo desafios emocionais ou psicológicos.
Tentar “tampar o sol com a peneira” e evitar enfrentar essas questões de frente pode prolongar o sofrimento.
Por isso, o melhor caminho é se preparar, acolher as mudanças e buscar soluções, sem deixar que o medo se torne uma barreira intransponível.
Recomeçar é possível, e o primeiro passo é reconhecer a sua força e capacidade de transformação.